Título

DESEMPENHO DAS EQUAÇÕES BIS1, CKD-EPI E MDRD NA ESTIMATIVA DA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR EM PACIENTES MAIORES DE 70 ANOS

Resumo

INTRODUÇÃO: Discute-se muito sobre uma possível epidemia de Doença Renal Crônica (DRC) devido ao aumento de idosos com Taxa de Filtração Glomerular (TFG) abaixo de 60 mL/min/1,73m2. Entretanto, as fórmulas mais usadas para estimar a TFG, Modification of Diet in Renal Disease (MDRD) e Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (CKD-EPI), não consideram o envelhecimento renal fisiológico. Diante disso, Berlin Initiative Study (BIS) desenvolveu 2 equações, BIS1 e BIS2, específicas para idosos. A BIS1 é mais acessível que a BIS2 por não usar cistatina C, porém ainda carece de validação externa. OBJETIVO: O objetivo principal foi comparar o desempenho das fórmulas BIS1, CKD-EPI e MDRD na estimativa da TFG de pacientes acima de 70 anos. Como objetivos secundários, analisamos as equações no estadiamento da DRC, no encaminhamento ao nefrologista e na solicitação de exames anuais. MÉTODO: O estudo é observacional, transversal e quantitativo, incluindo 1151 pacientes com idade ≥70 anos de um centro de nefrologia do Paraná. A TFG foi estimada pela CKD-EPI, MDRD e BIS1, usando as variáveis idade, sexo, raça e creatinina sérica. A classificação da DRC, a solicitação de exames anuais e o encaminhamento seguiram a diretriz de cuidado ao paciente com DRC do Ministério da Saúde 2014. A Análise estatística incluiu teste qui-quadrado de Pearson e o método Bland-Altman. RESULTADOS: A idade média foi de 78,4 anos, sendo 53,8% mulheres, e 98,8% brancos. Houve diferença entre as médias das equações (p<0,001), sendo a menor obtida pela BIS1 39,7 mL/min/1,73m2 (CKD-EPI 41,2; MDRD 44). A porcentagem de DRC, considerando apenas a TFG, seria de 91,5% pela BIS1; 82,7% pela MDRD e 81,3% pela CKD-EPI. A discordância no estadiamento foi maior entre BIS1 e MDRD (27,8%). A MDRD concentrou pacientes em G1 (2,2%), G2 (15%) e G3a (27%); a BIS1 em G3b (47,3%); e a CKD-EPI em G4 (23%) e G5 (4,8%). Através da CKD-EPI, seriam encaminhados ao nefrologista 28% e 20% a mais de pacientes que a MDRD e BIS1 respectivamente, e ainda seriam solicitados 3914 exames a mais que MDRD e 3530 a mais que BIS1. CONCLUSÃO: As equações BIS1, MDRD e CKD-EPI classificam distintamente, havendo necessidade de discutir novos valores de referência de TFG para o diagnóstico e classificação de DRC em idosos. Apesar de haver mais diagnósticos de DRC pela BIS1, o uso da CKD-EPI encaminharia mais pacientes ao especialista e solicitaria mais exames, mostrando que a escolha da fórmula impacta nos gastos em saúde.

Área

Doença Renal Crônica

Autores

AMANDA BERHORST, Amanda Berhorst, Sofia Santos Lima Figueiredo, René Scalet dos Santos Neto, Andressa Miguel Leitão