Dados do Trabalho


Título

Mutismo Seletivo: relato de um caso de sucesso.

Apresentação do caso

Paciente feminino, 4 anos, comparece ao consultório do psiquiatra com diagnóstico de Mutismo Seletivo (MS). Desde os 2 anos se comunica verbalmente apenas com os genitores. No contexto domiciliar, fala normalmente com domínio da linguagem oral, sem restrições comportamentais e dentro do desenvolvimento adequado para sua faixa etária. No contexto escolar permanece em mutismo com crianças e adultos e faz pouca comunicação não verbal. Apresenta recusa escolar e queixas somáticas diariamente no caminho para a escola. Não consegue utilizar recursos de áudio do celular onde sua voz fica em evidência. Na primeira avaliação, permanece em mutismo, não faz contato visual, não brinca com os recursos lúdicos oferecidos, não utiliza gestos para se comunicar. Outros diagnósticos são descartados pelo relato dos pais, escola e psicóloga. É iniciada Fluoxetina até dose de 20mg/dia. Em um mês a paciente apresenta melhora dos sintomas físicos, porém permanece no mesmo estadiamento em relação ao mutismo. No segundo mês já consegue, através de gestos e sussurros, se comunicar com professores para necessidades básicas. Já brinca com seus pares e sorri, porém permanece em mutismo. No quarto mês a psiquiatra é recepcionada com “Oi tia, hoje eu quero falar com você”. Em seis meses de tratamento medicamentoso e TCC com enfoque para o MS, a paciente consegue comunicar-se verbalmente de forma ampla e nos mais diferentes locais.

Discussão

O Mutismo Seletivo (MS), é um Transtorno de Ansiedade que se caracteriza por uma incapacidade persistente de falar em situações específicas, nomeadamente sociais. O diagnóstico normalmente acontece no período de entrada na escola, onde a criança é confrontada de forma repetida com o desafio de falar em frente a outros, passando, então, a ser percebida a resistência em se comunicar. O MS é considerado raro, com prevalência de menos de 1% na população.

Comentários finais

O desconhecimento do transtorno por profissionais que lidam com o público infantil e o fato da criança falar normalmente com os pais gera dificuldade no diagnóstico e subnotificação de casos. O atraso na implementação do tratamento prejudica o desenvolvimento de habilidades sociais e interfere no desempenho educacional. Se não tratado adequadamente, torna-se crônico e a perspectiva da fala fica cada vez mais distante.

Palavras-Chave

Mutismo seletivo Transtorno de ansiedade infantil

Área

Outros Transtornos Psiquiátricos

Autores

NATASHA SBRAGIO GANEM, FRANCILENE TORRACA