Dados do Trabalho

Título

Catatonia e COVID-19: um relato de caso

Apresentação do caso

D.P.S., 27 anos, sexo feminino, sem comorbidades psiquiátricas prévias, foi atendida com quadro de tosse e dispneia há 08 dias. Tinha sido previamente diagnosticada com COVID-19 por RT-PCR há 09 dias. A paciente foi internada e realizou tomografia de tórax, que evidenciou comprometimento pulmonar de aproximadamente 50%. No 2º dia de internação, evoluiu com quadro de insônia, ansiedade e medo intenso de ficar só. No 3º dia, apresentou episódio de agitação psicomotora, no qual despiu-se e urinou no chão do quarto onde estava internada. Após esse episódio, do qual paciente negou recordar-se no dia seguinte, passou a apresentar lentificação psicomotora, postura rígida, recusa alimentar, mutismo, negativismo, estereotipia e embotamento afetivo. Nesse período, foi iniciado uso de QUETIAPINA. À investigação, os principais achados foram TC e RM de crânio sem alterações, liquor e hemoculturas sem alterações, aumento de AST (140U/L), ALT(190U/L) e LDH (978U/L). No 6º dia de internação, foi iniciado uso de LORAZEPAM 2mg, 3 vezes ao dia, por via oral. Durante o tratamento, paciente apresentou melhora dos sintomas catatoniformes, retorno da aceitação da dieta por via oral e fala fluente por curto período de tempo. No 9º dia de internação, começou a referir alucinações cenestésicas e cinestésicas, delírio de Cotard bem como retorno de alguns sintomas catatoniformes. À alta, no 21º dia de internação, paciente apresentava melhora da comunicação, movimentava-se sem dificuldade e não apresentava insônia ou sintomas psicóticos. Foram prescritas SERTRALINA 50mg/dia e RISPERIDONA 0,5mg/dia para uso domiciliar

Discussão

Catatonia é uma síndrome que combina sintomas motores e comportamentais. Sua etiologia é variável, podendo ser secundária a distúrbios metabólicos, doenças neurológicas e infecções. Estudos recentes apontam o crescimento de manifestações clínicas neuropsiquiátricas em indivíduos com a infecção pela COVID-19, e já foram documentados alguns casos que sugerem a relação da catatonia com o acometimento pelo vírus. A paciente em questão foi diagnosticada com base nos critérios do DSM V e apresentava mutismo, negativismo, agitação e estereotipias

Comentários finais

No contexto da pandemia por COVID-19, cada vez mais complicações neuropsiquiátricas têm sido descritas. O conhecimento científico sobre o impacto da infecção por SARS-CoV-2 continua a evoluir rapidamente, porém fazem-se extremamente necessários estudos que possam traçar estratégias de tratamento para as complicações emergentes

Palavras-Chave

Catatonia, COVID-19, Neuropsiquiatria