Dados do Trabalho
Título
Primeiro episódio maníaco após infecção por covid-19: série de casos
Introdução
Em Janeiro de 2020 a Organização Mundial da Saúde declarou a pandemia pelo Vírus Corona 2 da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV-2). Desde então, estudos demonstraram o potencial deste vírus em causar alterações no sistema nervoso central e sintomas psiquiátricos. Alguns relatos associando a infecção pelo SARS-CoV-2 e sintomas maníacos foram publicados, contudo ainda são necessários mais dados para melhor entendimento dos efeitos da Covid-19 na saúde mental.
Objetivo
Essa série de casos traz características da síndrome maníaca após infecção pelo SARS-CoV-2, uma complicação ainda pouco descrita, e aponta caminhos para melhor prevenção de riscos e identificação dessa síndrome. Também avalia os mecanismos potenciais de desenvolvimento do transtorno psiquiátrico correlacionando os dados disponíveis dessa complicação aos achados sobre a Covid-19 descritos na literatura.
Método
Foi realizada coleta e análise de dados de múltiplas fontes de informação incluindo revisão de prontuários, exame direto dos sujeitos e entrevistas com os pacientes e seus familiares.
Resultados
Foram relatados cinco casos de infecção por Covid-19 com primeiro episódio maníaco, sem histórico psiquiátrico prévio. Foi observado que todos os pacientes do estudo apresentaram sintomas psicóticos com início nos primeiros 30 dias de infecção. Uma paciente foi submetida a ressonância magnética de encéfalo com achado de alterações focais puntiformes na substância branca de ambos os hemisférios cerebrais, de provável etiologia microvascular. Uma hipótese para a etiologia das alterações cerebrais seria pelo potencial trombogênico do vírus. Duas pacientes possuíam descompensação do diabetes mellitus, o que está associado ao aumento da resposta inflamatória e relacionado ao transtorno bipolar. Quatro pacientes fizeram uso de dexametasona em doses equivalentes a 40mg por dia de prednisona, por cinco a sete dias. Efeitos adversos associados ao uso de corticosteróides incluem euforia e hipomania, sendo associados a um risco até cinco vezes maior de desenvolvimento de mania.
Conclusão
Os achados deste estudo sugerem que para casos sintomatológicos leves, o uso de corticoide deve ser desconsiderado devido ao risco de indução de episódio maníaco. O uso de anticoagulação em quadros graves é reforçado pelo achado de microlesões de provável etiologia microvascular em uma das pacientes.
Palavras-chave
Transtorno Bipolar, Coronavírus
Área
Transtornos do Humor
Autores
THIAGO NEVES ROCHA, JÉSSYCA REIS E SILVA, MARCELO HENRIQUE DE SOUSA E SILVA MARTINS, THIAGO BLANCO VIEIRA, SÉRGIO CABRAL FILHO