Dados do Trabalho

Título

Repercussões na saúde mental e perspectiva em relação à situação acadêmica de estudantes universitários durante a pandemia de COVID-19

Introdução

Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou situação de pandemia provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).  Além do  risco de contaminação, a pandemia trouxe novos desafios na área da saúde mental. Neste cenário, os discentes universitários da Universidade de Brasília (UnB) enfrentaram o isolamento social somado às incertezas em relação ao prosseguimento do período letivo e às limitações da aprendizagem  à distância.

Objetivo

Avaliar a saúde mental dos alunos da UnB durante o período de interrupção das atividades presenciais e fornecer bases teóricas para possíveis intervenções psicológicas focadas em estudantes universitários.

Método

Um questionário feito no Google Forms foi repassado, via redes sociais, a estudantes matriculados na UnB. A participação foi voluntária, de amostragem intencional e não randomizada. Obteve-se resposta de 699 discentes. O questionário contava com perguntas relacionadas à pandemia, à saúde mental e uso de substâncias psicoativas. Utilizou-se também o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) como instrumento padronizado para avaliação de sofrimento mental.

Resultados

Os dados colhidos sugeriram que em comparação com o sexo masculino, as mulheres apresentaram chance duas vezes maior de obterem um SRQ-20≥7 e indivíduos que moravam com pessoas consideradas do grupo de risco tiveram chance 2 vezes maior de possuírem SRQ-20≥ 7. Ademais, aqueles com um transtorno mental prévio apresentaram chance 3,9 vezes maior de ter um SRQ≥ 7, quando comparados com pessoas sem diagnóstico. Sobre o uso de álcool prévio (N= 458), 244 (53,2%) já consumiam e diminuíram a frequência, 122 (26,6%) relataram que já consumiam e mantiveram a frequência; e 92 (20,0%) já consumiam e aumentaram a frequência. Em relação à perspectiva acadêmica, 426 (61,0%) participantes responderam que o afastamento das atividades acadêmicas interferiu negativamente em sua saúde mental.

Conclusão

Verifica-se que o questionário trouxe informações sobre grupos mais afetados pelo sofrimento psíquico durante a pandemia, como o sexo feminino e pessoas com transtorno mental prévio. Ademais, observa-se que houve uma diminuição do uso de álcool pelos participantes durante o período estudado e também a percepção de que o afastamento das atividades na universidade interferiu negativamente sobre a saúde mental. Todas essas informações constituem bases teóricas importantes para o desenvolvimento de estratégias de intervenções psicológicas futuras.

Palavras-chave

saúde mental
pandemia
estudantes