Dados do Trabalho

Título

Relato de Caso: Dor crônica, transtorno de personalidade e transtorno por uso de Opioides no Centro Universitário de Saúde do ABC

Apresentação do caso

E.C.C., 45 anos, feminino, evangélica, natural e procedente de Santo André, Ensino Superior incompleto, solteira e um filho. Veio encaminhada ao ambulatório de Interconsultas da Psiquiatria do Centro Universitário de Saúde do ABC pelo ambulatório da dor da mesma instituição para o tratamento de “dor para falar, caminhar e mastigar, dificuldade de deambulação, parestesia em membros inferiores e dor nas articulações das mãos”, além de sintomas de síncope, taquicardia, sudorese, vômitos, tristeza, dificuldade de concentração. Na avaliação, estava em uso de Sertralina, Clorpromazina, Tramadol, Clonazepam, Prometazina, Amitriptilina e Morfina. Paciente com provável transtorno somatoforme e quadro de humor associado, sendo avaliada para o desmame de sertralina e dependência de opióide. Durante o seguimento clínico, demonstrou-se chorosa, com certa vitimização e oscilação das queixas, atitude teatral, afeto distanciado e acrítica, perdurando sua resistência sobre o desmame de Tramadol. De antecedente pessoal, apresenta uma internação no hospital psiquiátrico por tentativa de suicídio por ingesta medicamentosa.

Discussão

O transtorno do uso de opioides tem forte associação à dor crônica e essa relação representa uma preocupação à saúde pública. Apesar da disponibilidade de drogas com ação agonista em receptores de opioides, o manejo da dependência foi dificultado pela baixa adesão ao tratamento pela paciente, pela negação sobre seu diagnóstico, falta de suporte familiar e de protocolos para o tratamento. Na atualidade, vem crescendo de forma significativa o número de pacientes que apresentam essa patologia dual. Ao que se refere ao tratamento, esses pacientes se encontram muitas vezes em renovação de receitas e longe do seguimento multidisciplinar. Muitas vezes é requerido o ajuste medicamentoso adequado com a finalidade de melhora da qualidade de vida e da necessidade medicamentosa e por conseguinte a realização de uma prevenção quaternária.

Comentários finais

A dificuldade sobre o gerenciamento da dependência física de opioides com seus pacientes. Estão entre os principais desafios na conduta médica adotada sobre a dependência física: a falta de protocolos sobre o manejo da síndrome de abstinência; a associação entre distúrbios psiquiátricos e o uso prolongado dos opioides; a substituição para fármacos não opioides no manejo da dor crônica não oncológica. O caso reportado apresenta a dinâmica da conduta terapêutica frente aos desafios mencionados.

Palavras-Chave

transtorno de personalidade, dependência de opioides e dor crônica