Dados do Trabalho


Título

Transtorno obsessivo-compulsivo grave ou esquizofrenia na Psiquiatria Infantil?

Apresentação do caso

MLM, masculino, 12 anos, natural de João Pessoa, com pais heterossexuais casados, sem histórico familiar de transtornos mentais, buscou atendimento psiquiátrico devido a escutar suposta voz do inconsciente. Apresentava pensamentos intrusivos de que era homossexual, tique motor simples, ansiedade e depressão. A princípio foram administrados fluvoxamina 100mg e risperidona 2mg, melhorando o quadro, mas continuava ouvindo vozes. Desse modo, houve a substituição da risperidona pela olanzapina 10 mg, causando redução dos tiques e da frequência das possíveis vozes. Quatro meses após a nova conduta, houve modificação para fluoxetina 40mg e olanzapina 10 mg, resultando em ausência do tique motor com retorno das vozes e da ansiedade. Nesse contexto, ao acreditar que se tratava de síndrome psicótica, e não de ideias obsessivas sobre sua orientação sexual, visto que relatava vozes de comando para ter relação com meninos, a dose da olanzapina foi aumentada para 15 mg, sem melhora do quadro, passando a ser adotado o uso de aripiprazol 10 mg e venlafaxina 75mg. Sem resposta total, foram aumentadas as doses da venlafaxina para 150 mg e do aripiprazol para 15 mg. No seguimento, não apresentou sintomas e conseguiu ter discernimento para relatar que não se tratava de alucinações, e sim de ideias obsessivas, sendo mantida a venlafaxina e redução da dose do aripiprazol para 10mg.

Discussão

As hipóteses diagnósticas apontaram para transtorno obsessivo-compulsivo grave ou esquizofrenia. Assim, foi realizada a administração de antidepressivo (fluvoxamina) para tratamento de transtorno obsessivo-compulsivo e antipsicótico (risperidona), não apresentando resultados eficazes e persistência da depressão, da possível alucinação auditiva e da ansiedade. A alteração da conduta para fluoxetina e olanzapina, que levou à melhora considerável. Entretanto, a efetividade da conduta foi reduzida, possivelmente devido à resistência para adesão terapêutica. Por fim, a conduta adotada passou a ser aripiprazol e venlafaxina, resultando em melhora do paciente até o presente momento, apesar da reação adversa transitória (espasmos musculares) com o aripiprazol. Tendo em vista a negação de alucinações auditivas por parte do paciente, é possível não se tratar de esquizofrenia.

Comentários finais

Na Psiquiatria Infantil, existe uma dificuldade de diferenciar o limiar entre o transtorno obsessivo-compulsivo e a esquizofrenia, já que esta pode manifestar-se mais tardiamente na adolescência ou início da vida adulta.

Palavras-Chave

Transtornos Mentais. Sexualidade. Psiquiatria Infantil.

Área

Outros Transtornos Psiquiátricos

Autores

ESTÁCIO AMARO SILVA JUNIOR, ANDRESSA GABRIELLA DUARTE QUEIROZ , MARCÍLIO FERREIRA PAIVA FILHO , ANDRÉ LUIZ PINTO FABRICIO RIBEIRO