Dados do Trabalho


Título

Relação comórbida entre COVID-19 e AVC: um relato de caso

Apresentação do caso

A.A.D., 31 anos, feminino, médica, iniciou com mal-estar geral, astenia e coriza. Após quatro dias, seguiu com cefaleia holocraniana pulsátil, paroxística, intensa em regiões orbitária e etmoidal, sem melhora ao uso de dipirona. Em oito dias do início dos sintomas, evoluiu com anosmia, febre não aferida e RT-PCR para Sars-Cov-2 positivo. Sem melhora da cefaleia, iniciou espasmos em membro superior esquerdo (MSE) seguido de D-dímero aumentado e uso subcutâneo de enoxaparina sódica 60mg 12/12h por quatro dias. Após esse período, relatou mal-estar súbito, náusea, desvio de rima labial, voz empastada e plegia do MSE, com melhora espontânea. Foi realizada angioressonância magnética venosa cerebral com trombose venosa aguda no seio sagital superior e veias anastomóticas superiores, administrado enoxaparina sódica 60 mg subcutâneo e prescrito etexilato de dabigatrana 150 mg 12/12h e acetazolamida 250 mg 12/12h por sete dias. Duas semanas depois, apresentou recidiva da cefaleia e parestesia em MSE, associados a cólica abdominal, inapetência, angústia, sonolência e sensação de “tremer por dentro”. Realizou eletroencefalograma com crises focais e aura em foco temporal, angiotomografia computadorizada de artérias e veias cerebrais com recanalização do seio sagital e início de lacosamida 50 mg 12/12h.

Discussão

DISCUSSÃO: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a segunda maior causa de morte mundial e, após a pandemia da Covid-19, tem sido pauta de investigações acerca das manifestações hipercoagulatórias da doença. O perfil descrito em pesquisas já realizadas aponta que pacientes que progrediram com AVC isquêmico eram em geral idosos com comorbidades crônicas e na forma mais grave da doença, sendo o AVC agudo o achado de neuroimagem mais comum, considerado um marcador de mau prognóstico. Os mecanismos fisiopatológicos tromboembólicos venosos e arteriais do Sars-CoV-2 incluem a inflamação excessiva, hipóxia, imobilização do paciente no leito e coagulação intravascular disseminada, todos possivelmente relacionados com a etiologia do AVC.

Comentários finais

O caso descrito destaca-se por ser uma paciente jovem sem qualquer fator de risco ou sintomatologia prévia. Além disso, as crises focais secundárias ao AVC geram uma maior complexidade na compreensão das consequências do Sars-Cov-2. Os estudos sobre a relação entre a Covid-19 e a ocorrência de AVC são incipientes, visto que a pandemia está em curso. Assim, há a necessidade de mais pesquisas sobre o tema.

Palavras-Chave

stroke; COVID-19; epilepsy

Área

Doenças cerebrovasculares

Autores

CAROLINE COELHO RIBEIRO, ADRIANA APOSTOLOS DAGIOS, DANIELE OLIVEIRA FERREIRA SILVA, NATÁLIA FUJIOKA MATSUOKA, MARCOS FILIPE BUENO LANGKAMER, GIOVANA TAVARES SOUSA, RAISSA SOARES WALKER, BEATRIZ TARGINO ARAÚJO PAIXÃO, JOÃO VITOR GONÇALVES MARQUES, ANA GIULLIA MARTINS CAPPELE, ANDERSON PEDROSA MOTA JÚNIOR, AMANDA MARIA GONÇALVES SANTOS , CAMILLA SOUZA FARIAS