Dados do Trabalho


Título

Impacto de diferentes concentrações de Bisfenol A em neurônios diferenciados: um estudo in vitro

Introdução

O Bisfenol A (BPA) é um composto amplamente utilizado, seu uso se da na fabricação de plásticos de policarbonato e resinas epóxi; presentes em recipientes para armazenar comida, garrafas de plásticos e/ou latas de conserva, estes materiais são de uso diário. Assim, é praticamente impossível não estarmos expostos ao BPA. Entretanto, o BPA é considerado um desregulador endócrino, uma vez que interfere na sinalização de esteroides, afetando várias funções biológicas em humanos, animais e plantas. Investigações já demonstraram que o BPA exerce atividade deletéria no desenvolvimento e funções cerebrais, afetando a neurogênese, a plasticidade sináptica e a maturação cerebral pós-natal, induzindo neuroinflamação e neurodegeneração. Contudo, estudos com linhagens celulares de neurônios diferenciados ainda são escassos.

Objetivo

O objetivo deste estudo é analisar o efeito do BPA em neurônios da linhagem SHSY-5Y diferenciados quanto aos efeitos na viabilidade, proliferação celular e morfologia.

Método

Células da linhagem SHSY-5Y foram obtidas comercialmente e tratadas com BPA nas concentrações de 0,001; 0,01; 0,1; 1; 3; 10; 30; 100; e 300µM/mL. As culturas foram realizadas em condições estéreis e controladas a 37ºC, saturação 5% de CO2. Para análise da viabilidade celular (24 horas) foi utilizado o teste Picogreen®, um fluoróforo que se liga a dupla fita de DNA em níveis ínfimos, assim quanto maior a concentração de DNA dupla fita no meio, mais células entraram em apoptose; para análise da proliferação (72 horas) o reconhecido teste MTT [3 (4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio brometo)] foi utilizado, já a morfologia celular foi avaliada através de microscopia óptica.

Resultados

Os resultados apontam que todas as concentrações testadas induziram morte celular, ou seja, toxicidade em relação ao controle. Quanto a proliferação celular, o teste MTT indicou níveis 30 a 40% menores nas células tratadas em todas as concentrações testadas em relação ao controle não tratado. Nas análises através de microscópio em 72 horas, foi possível perceber alterações na morfologia dos neurônios e diminuição das interligações entre os mesmos, devido a diminuição na quantidade e no tamanho das neurites.

Conclusão

Assim, considera-se um possível efeito negativo modulador do BPA desde concentrações muito baixas até as mais altas em neurônios diferenciados. Diante deste cenário mais estudos precisam ser realizados inclusive testando compostos naturais que possam diminuir o impacto negativo do BPA nos neurônios.

Palavras-chave

BPA; Neurodegeneração; Neuroinflamação.

Área

Psicofarmacologia

Autores

BÁRBARA OSMARIN TURRA, NATHÁLIA CARDOSO DE AFONSO BONOTTO, CIBELE FERREIRA TEIXEIRA, DANIEL AUGUSTO DE OLIVEIRA NERYS, LUIZA ELIZABETE BRAUN, MOISES HENRIQUE MASTELLA, ANDRESSA MOURA HOPPEN, FERNANDA BARBISAN, IVANA BEATRICE MANICA DA CRUZ