Dados do Trabalho
Título
DÉFICIT VISUOESPACIAL EM CRIANÇAS COM SÍNDROME DE TURNER: QUAIS ASPECTOS VISUOCONSTRUTIVOS SE ENCONTRAM COMPROMETIDOS?
Introdução
Com base em evidências da literatura, sabe-se que endofenótipos cognitivos e comportamentais do perfil do Transtorno Não-Verbal de Aprendizagem são frequentemente associados à Síndrome de Turner (ST). Nesta síndrome, que acomete somente meninas, há uma ausência parcial ou total de um dos cromossomos X, o que provoca como sintomatologia cognitiva específica, relacionada à dificuldades nas habilidades visuoespaciais.
Objetivo
O objetivo deste estudo é investigar o perfil de diagnosticadas com Síndrome de Turner quanto às habilidades visuoespaciais por uma perspectiva desenvolvimental. Foi avaliada a habilidade visuoconstrutiva e memória visuoespacial de 14 crianças com Síndrome de Turner (M=10,19 sd=1,97 anos) e 28 crianças com desenvolvimento típico (M=9,87 sd=1,89 anos), controladas por idade e inteligência.
Método
Para avaliar as habilidades visuoespaciais das participantes, foi utilizado o Teste da Figura Complexa de Rey, sendo que o desempenho no referido instrumento foi obtido através de um sistema alternativo de interpretação denominado Sistema de Pontuação Qualitativa de Boston (BQSS), utilizado para interpretar as reproduções das participantes na etapa de cópia do referido instrumento.
Resultados
Foram utilizadas estatísticas descritivas para comparar os desempenhos obtidos pelo grupo sindrômico e o grupo controle na Figura Complexa de Rey. Os resultados sugerem que crianças e adolescentes com Síndrome de Turner tendem a apresentar um desempenho inferior ao obtido por seus pares com desenvolvimento típico em medidas como Presença (m=4,15 sd=0,488/ M=4,55 sd=0,409), precisão (m=1,86 sd=0,603/ M=2,75 sd=0,518) e posicionamento (m=2,74 sd= 0,667/ M=3,61 sd= 0,385) avaliadas pelo sistema BQSS. Em seguida foram utilizadas estatísticas (teste de Kruskal-Wallis) não paramétricas para investigar se havia diferença significativa entre os grupos controle e sindrômica na medidas avaliadas. O teste de Kruskal-Wallis apontou diferenças significativas entre os grupos de interesse em relação à precisão de Elementos Configuracionais [X²(2)= 3,843; p < 0,05], precisão de Clusters [X²(2)= 5,167; p <0,05], posicionamento de Clusters [X²(2)= 4,122; p < 0,05] e posicionamento de Detalhes [2²(2)= 4,045; p <0,05].
Conclusão
Os resultados preliminares deste estudo indicam que, na Síndrome de Turner, habilidades visuoconstrutivas tendem a se mostrar abaixo do observados em crianças e adolescentes com desenvolvimento típico, mesmo se controladas por idade e nível intelectual.
Área
Neuropsicologia
Autores
RAFAEL NUNES DOS SANTOS, GIULIA MOREIRA PAIVA, VITOR GERALDI HAASE