Dados do Trabalho


Título

Priapismo secundário a psicotrópicos: um relato de caso.

Apresentação do caso

J.C.M.O, 35 anos, masculino, pardo, em tratamento para dependência de álcool. Evoluiu no segundo dia de internação com ereção dolorosa, duradoura e sem desejo sexual. Manteve quadro por mais de duas horas sendo encaminhado para urologia onde fez-se necessário punção de corpos cavernosos para drenagem e resolução do quadro. Iniciado investigação junto à equipe de urologia que excluiu comorbidades clínicas (anemia falciforme, inclusive). Retornou a nosso serviço para reavaliação do esquema terapêutico. Paciente à época em uso de: Diazepam 15mg/dia + Naltrexona 50mg/dia + Levomepromazina 100mg/dia. Optou-se por interromper o uso de Levomepromazina e seguir com acompanhamento do paciente. No oitavo dia de internação, dado quadro de insônia recorrente, equipe inicia com Quetiapina 50mg a noite. No décimo dia de internação paciente novamente apresenta episódio de ereção dolorosa com rigidez de corpo cavernoso e certa flacidez de glande. Evolui com melhora espontânea enquanto providenciava-se transferência para serviço de Urologia. Durante investigação paciente recorda-se de episódio anterior à internação quando também fez quadro de priapismo com uso de Trazodona. Equipe optou por suspender o uso de antipsicóticos de baixa potência e deu preferência para abordar necessidade de sedação com benzodiazepínicos inicialmente e para fase de manutenção do tratamento da insônia optou-se por drogas Z – Zolpidem 10mg a noite. Paciente segue em acompanhamento psiquiátrico sem novos relatos de priapismo. Atualmente com: Naltrexona 50mg ao dia + Topiramato 50mg ao dia + Zolpidem 10mg SOS.

Discussão

Priapismo é uma ereção peniana prolongada, persistente e freqüentemente dolorosa. Desencadeada ou não por estímulo sexual. Pelo sofrimento tecidual que impõe é uma situação clínica de emergência, requerendo um diagnóstico e tratamento rápidos. A etiologia é variada e sabemos que uma delas é a ação adversa de medicamentos psicotrópicos muito comumente utilizados na psiquiatria.

Comentários finais

O médico psiquiatra, além de conhecer as indicações terapêuticas dos psicotrópicos, deve conhecer mecanismo de ação e perfil farmacológico das drogas para a escolha de cobertura de sintomas e para evitar efeitos colaterais. O priapismo está relacionado a propriedades bloqueadoras alfa-adrenérgico periféricas e conhecer esse mecanismo guiará a escolha para o tratamento.

Palavras-Chave

Psicotrópicos, priapismo, comorbidade

Área

Psicofarmacologia

Autores

LUIZ GUSTAVO MOREIRA CRUVINEL, GUSTAVO SILVA OLIVEIRA, ANTONIO MENDES SILVA NETO, LISA PENA BUENO MOURA, ROBERTO MARANHÃO ROSA, THIAGO MENDONÇA SOARES