Dados do Trabalho
Título
Eletroconvulsoterapia como tratamento para Psicose Puerperal – Estudo de Caso
Apresentação do caso
Uma paciente de 29 anos, no décimo primeiro dia de puerpério, foi internada devido ao risco de heteroagressão e exposição moral. Este foi o seu primeiro surto psicótico. Após o parto, passou a apresentar humor eufórico e grandioso, delírios místicos, tais como o relato de que era “enviada de Deus para espalhar luz às pessoas”. Além disso, apresentava taquilalia, agitação psicomotora, comportamento desorganizado, heteroagressividade e privação do sono, dormindo cerca de 1h por noite desde o parto. Na admissão, iniciou-se tratamento com olanzapina 10 mg/dia e clonazepam 4 mg/dia. Necessitou contenção devido a importante heteroagressividade. Apesar do aumento da dose de olanzapina até 30mg/dia, paciente permanecia com sintomas maníacos, sendo então prescrito lorazepam 6 mg/dia e clonidina 0,30 mg/dia. Paciente iniciou ECT e passou a apresentar melhora dos sintomas. Lorazepam e clonidina foram suspensos. A paciente realizou ao todo 12 sessões de ECT com pulso breve, bilateral e recebeu alta em boas condições, com olanzapina 30 mg/dia.
Discussão
A psicose puerperal (PP) possui uma incidência de 0,25-0,6 a cada 1.000 puerpérios. Apesar da PP não ter um código específico no DSM-5, parece possuir uma relação com a doença bipolar. Bergink et al. (2016) documentaram que 72%-80% das puérperas com PP teriam um diagnóstico de transtorno bipolar ou esquizoafetivo. A evolução dessa condição pode levar a consequências como hospitalização materna, com potencial prejuízo do vínculo mãe-bebê, risco de autoagressão, suicídio e infanticídio. O tratamento da PP deve ser rápido e eficaz, em especial para trazer a autoestima e a confiança materna, bem como preservar a saúde infantil e desenvolvimento emocional do bebê. Desta forma, a ECT parece ser uma boa opção terapêutica, pois é um dos tratamentos de escolha em casos graves e refratários de PP.
Comentários finais
O caso acima descrito teve êxito com a eletroconvulsoterapia, tal tratamento permite minimizar de forma rápida e robusta os sintomas de PP, restabelecendo a proximidade da mãe com o bebê. Tais relatos são importantes devido a escassez de ensaios clínicos randomizados para PP, que é uma condição rara mas com desfechos por vezes dramáticos para o vínculo mãe-bebê.
Palavras-Chave
Puerpério; Psicose Puerperal; ECT.
Área
Esquizofrenia/Psicoses
Autores
FÁBIO BIGUELINI DUARTE, JULIANA FERNANDES TRAMONTINA, ANA PAULA FEIER