Dados do Trabalho

Título

Entre o íntimo e o patológico: diferenças entre BDSM e transtornos parafílicos

Introdução

Torna-se extremamente complexo definir o que seria patológico na expressão da sexualidade, visto que isto está necessariamente conectado com a noção de consentimento e sofrimento. A definição de consentimento é variável a depender de sua abordagem; a definição de sofrimento o é menos, se é levada em consideração a compreensão médica do assunto. Apesar disto, existem manifestações da sexualidade humana que se baseiam precisamente em negociações de consentimento, dor e dinâmicas de poder, e existe um limite fino, porém inegável, que separa tais manifestações de verdadeiros transtornos patológicos de sexualidade. A prática do sadomasoquismo e do BDSM é atualmente considerada saudável, e não uma expressão patológica, ao contrário de transtornos sexuais que são denominados da mesma maneira (como o sadismo e o masoquismo descritos pela Psiquiatria) mas que configuram-se doenças mentais.

Objetivo

O objetivo do presente estudo é estabelecer as diferenças entre transtornos parafílicos (sadismo e masoquismo em particular) e expressões saudáveis de preferências sexuais em comunidades BDSM.

Método

Revisão integrativa da literatura, através de pesquisas nas bases de dados Lilacs, Scielo, PubMed, CAPES e Google Scholar. Os descritores utilizados foram: "BDSM, transtornos sexuais, parafilias, sadomasoquismo. Consideraram-se artigos escritos em português e inglês, publicados nos últimos 10 anos (entre 2011 e 2021). Foram obtidos 210 resultados, dos quais 15 foram escolhidos para análise baseados na relevância para o tema.

Resultados

Os resultados apresentados demonstram que a prática sexual do BDSM e do sadomasoquismo é uma manifestação saudável da sexualidade humana, e que a principal diferença destas práticas em relação a transtornos parafílicos encontra-se na presença ou falta de consentimento explícito das pessoas envolvidas.

Conclusão

Conclui-se, portanto, que, apesar da estrutura dos fetiches sadomasoquistas e do BDSM ser inerentemente relacionada a sensações de dor e humilhação e ao desequilíbrio de dinâmicas interpessoais de poder, esta exige, por sua própria natureza, consentimento e capacidade de todas as partes envolvidas de compreenderem a situação na qual se encontram e os limites desta. Isto torna estes fetiches diferentes de transtornos parafílicos, necessariamente definidos pelo sofrimento psíquico e/ou físico das partes e pela incapacidade de se obter consentimento completo.

Palavras-chave

BDSM, transtornos parafílicos, consentimento