Dados do Trabalho


Título

MINHOCAS PODEM SER POTENCIAIS MODELOS ANIMAIS INVERTEBRADOS EM ESTUDOS ENVOLVENDO DISFUNÇÃO MITOCONDRIAL E ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS

Introdução

A disfunção mitocondrial está envolvida em muitas doenças neurológicas e psiquiátricas. Para entender melhor a patogênese da doença e identificar potenciais componentes terapêuticos (farmacológicos, fitoterápicos ou dietéticos) têm sido desenvolvidos diversos modelos animais, sendo o mais popular o que envolve uso da rotenona. Entretanto, apesar da rotenona ser utilizada em modelos animais por mimetizar a doença de Parkinson, estudos envolvendo distúrbios psiquiátricos associados a disfunção mitocondrial tem ficado limitados a culturas de células.

Objetivo

Identificar um modelo invertebrado animal de baixo custo, fácil manipulação e menor limitação ética para investigar o papel da disfunção mitocondrial em alterações comportamentais.

Método

12 minhocas californianas vermelha (Eisenia fetida) foram submetidas a um tratamento crônico, sendo avaliadas em 1, 7 e 14 dias em solo artificial tropical (SAT) tratado com rotenona 30 nM e mantidas em incubadora com condições controladas de umidade (90%), temperatura (20ºC) e ciclo claro-escuro (12h) com troca de solo a cada 3 dias. Após 14 dias as minhocas (n = 6) foram selecionadas aleatoriamente e expostas a éter puro (2 minutos) para extração de células celomáticas a fim de avaliar o estágio celular via análise de ciclo. O restante do n amostral (n = 6) foi alocado em recipiente dividido com SAT controle e SAT com agente repulsivo (ácido bórico 750 mg/Kg-1) por 48 horas com livre trânsito para avaliação do comportamento de fuga. Os dados foram analisados estatisticamente via Qui-quadrado ou teste exato de Fisher em software GraphPad Prism (versão 8.2) com significância quando p ≤ 0.05.

Resultados

A análise do ciclo celular no dia 1 mostrou redução significativa na população de células em fase S, com subsequente aumento ao sétimo dia e dados similares ao controle no décimo quarto dia de análise. Quanto ao ensaio de fuga, apenas 16.3% das minhocas submetidas a exposição crônica de rotenona 30 nM migraram para SAT não contaminado, enquanto o restante (83.7%) permaneceu em área repulsiva, indicando claro dano sensorial.

Conclusão

O conjunto dos resultados sugere que minhocas possam ser modelos experimentais simples e possivelmente utilizados para entender alterações metabólicas relacionadas a doenças psiquiátricas.

Palavras-chave

Eisenia fetida. Rotenona. EROs

Área

Neurociência básica

Autores

ISABEL ROGGIA, MOISÉS HENRIQUE MASTELLA, BÁRBARA OSMARIN TURRA, CIBELE FERREIRA TEIXEIRA, CHARLES ELIAS ASSMANN, TAÍS VIDAL PALMA, CINTHIA MELAZZO DE ANDRADE, IVO EMÍLIO DA CRUZ JUNG, PEDRO ANTÔNIO SCHMIDT DO PRADO LIMA, IVANA BEATRICE MÂNICA DA CRUZ