Dados do Trabalho


Título

CEFALEIA: UM OLHAR ALÉM DA NEUROLOGIA

Apresentação do caso

A.G, mulher, 24 anos, sem comorbidades prévias. Queixa-se de cefaleia unilateral de caráter pulsátil de moderada intensidade em região temporal esquerda desencadeada por exercício físico, sem fator de melhora. As crises começaram há cerca de 8 meses, sem nenhum sintoma associado, mas com piora progressiva e episódios cada vez mais frequentes, sendo desencadeada no momento do atendimento aos mínimos esforços. Nega uso de analgésicos. Exame físico, neurológico, fundoscopia e otoscopia normais. Foi realizada tomografia computadorizada de crânio com e sem contraste e nenhuma alteração foi evidenciada. A paciente foi tratada com succinato de sumatriptana/naproxeno sódico (50/500mg) sem melhora do quadro. Paralelo a isso, foi encaminhada para otorrinolaringologista por rinite crônica grave, o qual indicou tratamento cirúrgico. Realizada turbinectomia bilateral associada à septoplastia. Após o procedimento, ocorreu melhora da sintomatologia atópica e nenhum episódio de cefaleia subsequente. Evolui com alta ambulatorial, após acompanhamento com neurologista durante 6 meses, com suspensão de medicações analgésicas e com realização normal de atividades físicas.

Discussão

A cefaleia está entre as queixas médicas ambulatoriais mais comuns. Cerca de 90% das cefaleias primárias se enquadram nas categorias enxaqueca, cefaleia tensional e cefaleia em salvas. Contudo, as cefaleias secundárias causadas por uma condição subjacente ainda são um desafio frente a sua diversidade de apresentações clínicas. A abordagem deve ser de exclusão, na medida em que o sintoma, mesmo que atípico, pode ser a manifestação de uma massa, lesão vascular, infecção, distúrbio metabólico ou problema sistêmico. Os achados anormais no exame neurológico são o melhor preditor clínico de patologia intracraniana, contudo é necessária investigação adicional de neuroimagem para excluir causas orgânicas, associada a uma visão holística considerando aspectos além da neurologia.

Comentários finais

Devido às apresentações variadas de cefaleia, seus critérios diagnósticos, mecanismos patogenéticos e terapia devem ser amplamente debatidos. O diagnóstico diferencial e a investigação atenta nos casos de cefaleia secundária é crucial, pois as características na história podem ser o primeiro sinal de alerta para uma possível doença subjacente.

Palavras-Chave

Cefaleia; neurologia; otorrinolaringologia

Área

Outros Transtornos Neurológicos

Autores

ANNA SOPHIA ALMEIDA GOUVEIA, LUCAS REIS OLIVEIRA