Dados do Trabalho


Título

Adoecimento psíquico em adolescente institucionalizada: um relato de caso

Apresentação do caso

R.S.F., 15 anos, feminino, estudante, institucionalizada, relata episódios de ideações e tentativas de suicídio desde os doze anos de idade, após ter sido levada a uma instituição de acolhimento devido ao falecimento do pai e incondicionalidade da mãe por etilismo. Há seis meses, buscou atendimento psiquiátrico relatando anedonia, tristeza, insônia, humor facilmente irritável e episódios de automutilação. Foram prescritos quetiapina e escitalopram, com este último sendo trocado por sertralina após uma nova tentativa de autoextermínio. Refere piora do quadro com dificuldade de convivência social, sentimento de solidão, casos de heteroagressividade e fácil irritabilidade sem motivos aparentes. Ademais, relata insegurança em relação ao futuro e medo de ser julgada pelo abrigo, caso fale sobre sua ideação suicida. Durante as consultas, era marcante a ambivalência em seu discurso e foi postulado como hipótese diagnóstica o Transtorno de Personalidade Borderline. Atualmente, encontra-se em uso de carbonato de lítio 600 mg, sertralina 100 mg, quetiapina 100 mg e clonazepam 2,5mg/mL, associados a psicoterapia.

Discussão

A adolescência é uma fase de ressignificações e de formação da personalidade e, quando atrelada a episódios traumáticos, pode precipitar ou atenuar transtornos mentais. Considerando isso, jovens que passam pela experiência da institucionalização, local em que muitas vezes chegam após terem sofrido eventos traumáticos, e que devido a ausência de um suporte biopsicossocial adequado, somado a uma identificação familiar prejudicada, podem ter o desenvolvimento de suas personalidades comprometidas. Analisa-se a possibilidade de organização borderline neste caso, tendo em vista a complexidade de conclusão de um Transtorno de Personalidade Borderline em um indivíduo nesta fase da vida. Ademais, percebe-se a importância da psicoterapia cognitivo-comportamental focada na resolução dos problemas atuais, aliada a psicanálise a fim de buscar a resolução de questões relacionadas a história de vida do paciente, decisiva para construção da personalidade borderline.

Comentários finais

Embora não se possa concluir um diagnóstico de transtorno de personalidade nesta paciente, este relato tem a intenção de expor a influência da institucionalização e da falta de suporte familiar na construção da personalidade e no surgimento de possíveis transtornos em uma adolescente. Ressalta-se, também, a psicoterapia como fator determinante no processo terapêutico.

Palavras-Chave

adolescência; transtorno de personalidade; institucionalização

Área

Transtornos de Personalidade

Autores

CAROLINE COELHO RIBEIRO, LILLIANE LEAL DE MORAES COUTO, JOÃO VITOR GONÇALVES MARQUES, NATÁLIA FUJIOKA MATSUOKA, BEATRIZ TARGINO ARAÚJO PAIXÃO, ANA GIULLIA MARTINS CAPPELE, ANDERSON PEDROSA MOTA JÚNIOR, MARCOS FILIPE BUENO LANGKAMER, AMANDA MARIA GONÇALVES SANTOS, CAMILLA SOUZA FARIAS, GIOVANA TAVARES SOUSA, RAISSA SOARES WALKER