Dados do Trabalho
Título
Semelhanças Entre o Envelhecimento Fisiológico e a Atrofia Cortical Relacionada ao Uso de Crack-cocaína
Introdução
O crack-cocaína é um derivado da coca que possui efeitos mais deletérios que a cocaína aspirada e está associado a múltiplas alterações cerebrais.Tanto o transtorno por uso de cocaína quanto o processo fisiológico de envelhecimento estão associados, em diferentes graus, a uma atrofia do córtex pré-frontal. Estudos prévios já levantaram a hipótese de que o uso de cocaína estaria associado a um envelhecimento cerebral acelerado. Entretanto, nenhum estudo comparou diretamente a espessura cortical de idosos saudáveis com usuários mais jovens de crack-cocaína.
Objetivo
Esse trabalho tem como objetivo investigar o padrão de atrofia cortical em usuários de crack-cocaína quando comparados a um grupo controle de mesma idade e um grupo controle mais idoso.
Método
Trinta usuários de crack-cocaína durante um protocolo de desintoxicação (idade média de 31,43 anos), 30 controles saudáveis jovens (idade média de 30,33 anos) e 20 controles saudáveis idosos (idade média de 83,15 anos) foram recrutados. Imagens volumétricas ponderadas em T1 foram adquiridas em uma ressonância GE 3T e processadas através da pipeline padrão do Freesurfer. Áreas com diferença cortical entre o grupo crack-cocaína e o grupo controle jovem foram identificadas e extraídas pelo Freesurfer e depois comparadas entre todos os grupos com ajuste para sexo e escolaridade no software R.
Resultados
A espessura cortical média dos hemisférios cerebrais foi significativamente diferente entre todos os grupos. O grupo crack-cocaína mostrou valores inferiores ao grupo controle jovem, mas superior ao grupo controle idoso. Entretanto, encontramos que, no giro orbitofrontal esquerdo, o grupo crack-cocaína e grupo controle idoso mostraram valores de espessura cortical semelhantes entre si e significativamente menores do que os do grupo controle jovem.
Conclusão
Os resultados indicam uma redução global de espessura cinzenta cortical em usuários de crack-cocaína. De maneira geral, a espessura cortical do grupo crack-cocaína encontra-se acima dos valores do grupo controle idoso e abaixo do grupo controle jovem. Entretanto, parece que houve uma atrofia mais expressiva no grupo crack-cocaína em uma área do córtex pré-frontal esquerdo, visto que os valores de espessura cortical nessa região se igualaram ao controle idoso. Esse achado poderia indicar um efeito região-específico do transtorno por uso de cocaína, similar ao efeito atrófico do envelhecimento fisiológico encontrado na população idosa.
Palavras-chave
Espessura cortical
Crack-cocaína
Neuroimagem estrutural
Área
Dependência Química, Jogo e outras Compulsões
Autores
LUCCA PIZZATO TONDO, WYLLIANS VENDRAMINI BORELLI, LEONARDO MELO ROTHMANN, ALEXANDRE ROSA FRANCO, THIAGO WENDT VIOLA, JADERSON COSTA DA COSTA, RODRIGO GRASSI-OLIVEIRA