Dados do Trabalho


Título

AVC ISQUÊMICO RELACIONADO A ESTADO DE HIPERCOAGULABILIDADE SECUNDÁRIO À COVID-19: RELATO DE CASO

Apresentação do caso

Paciente do sexo feminino, 77 anos, em uso crônico de bromazepam, venlafaxina e estatina. Procurou o serviço de emergência por síndrome gripal, com piora do estado geral. Ao exame físico: presença de sintomas típicos de COVID-19. Após sorologia positiva, paciente recebeu tratamento suportivo com oxigenoterapia. Evoluiu para intubação orotraqueal, instabilidade hemodinâmica e uso de drogas vasoativas. Realizou angiotomografia computadorizada de tórax, que evidenciou pequena consolidação com base pleural no lobo inferior direito, a qual pode corresponder à área de infarto. A paciente foi anticoagulada. Após melhora clínica, a paciente foi extubada. Queixou-se de paresia em membro inferior direito. Realizou ressonância magnética de crânio, que evidenciou área de restrição a difusão à esquerda, em área de fronteira vascular. Realizou ecografia de carótidas e de vertebrais, ecocardiograma e ECG, sem alterações dignas de nota. A paciente manteve as medicações de uso crônico e permaneceu anticoagulada.

Discussão

As complicações neurológicas do COVID são comuns em pacientes hospitalizados. Embora o acidente vascular cerebral (AVC) pareça incomum, pode ocorrer secundário ao estado de hipercoagulabilidade. Estudos recentes demonstram que 25% dos casos de encefalopatia em pacientes com COVID apresentam AVC em território de fronteira vascular (watershed). A fisiopatologia subjacente ao quadro relaciona-se à tempestade de citocinas induzindo dano endotelial, trombose microvascular e desenvolvimento de anticorpos antifosfolípides. Traduzindo-se clinicamente por D-dímero e fibrinogênio elevados. O vírus expressa proteínas que inibem INF (α e β), isso retarda a resposta antiviral, permite rápida replicação e infiltração excessiva de leucócitos no parênquima pulmonar. Estes, produzem altos níveis de citocinas pró-inflamatórias que culmina em um cenário hiperinflamatório e, por conseguinte, dano ao tecido alveolar, iniciando múltiplos processos trombóticos. Essa conjuntura hemodinâmica e pró-trombótica pode gerar embolizações que cursam com infartos em territórios arteriais terminais. Além disso, outro fator que pode fomentar a hipercoagulabilidade é a expressão de fatores induzíveis por hipóxia, os quais podem promover trombose ativando diretamente proteínas de coagulação e plaquetas.

Comentários finais

A relação entre a resposta imune e a instabilidade hemodinâmica em pacientes com COVID é inegável. Assim, conhecer suas manifestações é imprescindível em uma doença com tal relevância epidemiológica.

Palavras-Chave

AVC, COVID, watershed

Área

Doenças cerebrovasculares

Autores

ANNA SOPHIA ALMEIDA GOUVEIA, BRUNA LUÍSA KAERCHER, MARÍLIA GABRIELA DA COSTA