Dados do Trabalho
Título
O ATENDIMENTO SISTEMICO DE FAMILIAS EM PROCESSO DE HOSPITALIZAÇAO COMPULSORIA
Introdução
O cuidado em saúde mental requer ações específicas e continuadas o que pode desafiar as famílias. O ambulatório de saúde mental de Alvorada – RS (CAIS) mantém programa de atendimento às demandas judiciais de avaliação para hospitalizações psiquiátricas compulsórias, convidando às famílias ao atendimento de base sistêmica, vendo a demanda como conflito expresso entre quem cuida e quem sofre num momento de ruptura com a rede de serviços extra-hospitalares.
Objetivo
Este trabalho propões investigar se o atendimento sistêmico pode resgatar o vínculo das famílias com a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
Método
É um estudo de casos múltiplos com análise de desfecho. No período de junho de 2020 a maio de 2021 foram acompanhados os atendimentos de 45 famílias com casos graves, incluindo comportamentos amplamente desorganizados, podendo ser em decorrência do uso de substâncias ou não. Os pacientes não estavam vinculados com a RAPS. O atendimento sistêmico oferecido pelo CAIS promove a interação entre os familiares visando a compreensão da situação-problema para planejar uma nova tentativa de cuidados extra-hospitalares.
Resultados
As impressões da equipe de saúde mental acerca dos conceitos de coesão e adaptabilidade referem que 66% das famílias possuem coesão emaranhada ou dispersa, consideradas mais extremas, enquanto 34% são ligadas ou separadas, mais centrais neste eixo de avaliação. Já no que se refere à adaptabilidade, 64% são rígidas ou caóticas, posições mais extremas, enquanto 36% das famílias caracterizam-se como flexíveis ou estruturadas (centrais). Mesmo diante de uma complexidade familiar e da gravidade dos sintomas, 43% das famílias aceitaram indicações de seguimento na RAPS. Os dados foram submetidos a análise bivariável pelo teste do Qui Quadrado de Pearson, tomando-se como variáveis independentes as avaliações de coesão e adaptabilidade da equipe, agrupadas em posições mais extremas (maior risco de disfuncionalidade) comparadas às mais centrais (mais funcionais). A retomada em serviços da rede se mostrou mais prevalente entre famílias em posições mais extremas, tanto para coesão com famílias emaranhadas ou dispersas (p=0,032), quanto para adaptabilidade, rígidas ou caóticas (p=0,002).
Conclusão
Em famílias com maior grau de disfuncionalidade tem se encontrado mais opções para desafiar o grupo familiar na promoção de mudanças que, com o atendimento familiar, busca recursos e alternativas para resolução desses conflitos parece estar auxiliando na retomada destes vínculos com a RAPS.
Palavras-chave
Hospitalizações compulsórias; Saúde mental; Familias
Área
Outros Transtornos Psiquiátricos
Autores
ALINE FARIA SILVEIRA, THAIS CAROLINE GUEDES LUCINI, DJULIA BROMBILLA FELTRIN, ROGERIO LESSA HORTA