Dados do Trabalho

Título

SINTOMATOLOGIAS PSIQUICAS EM PROFISSIONAIS DA SAUDE NO INICIO DA PANDEMIA DE COVID-19 NO BRASIL: UM ESTUDO TRANSVERSAL

Introdução

A pandemia de COVID-19 tem afetado a saúde mental populacional, devido à maior exposição e sobrecarga de trabalho, torna-se importante avaliar esse efeito nos profissionais da área da saúde.

Objetivo

Avaliar a prevalência e os fatores de risco para o desenvolvimento de sintomatologias mentais em profissionais da saúde durante a pandemia por COVID-19 no Brasil

Método

Estudo não probabilístico composto por uma amostra de 3.041 participantes que foram avaliados através das escalas PTSD checklist for DSM-5 (PCL-5), depression anxiety and stress scale (DASS-21) e alcohol use disorders identification test (AUDIT-C). Instrumentos aplicados on-line entre 22 de abril e 08 de maio de 2020. Realizou-se análise bivariada.

Resultados

556 (15,30%) dos respondedores eram profissionais da área da saúde, sendo a maioria (n = 472; 84,9%) do sexo feminino. 480 participantes completaram a avaliação por escalas. Segundo a AUDIT-C, 181 (41,1%) dos respondedores apresentavam risco de moderado à severo para dependência alcoólica. De acordo com a DASS-21, os participantes que apresentaram sintomatologia de moderada à extremamente severa foram: 94 (19,6%) para sintomatologia depressiva, 104 (21,7%) para sintomas ansiosos e 63 (13,1%) para sintomas de estresse. A PCL-5 revelou que 107 (23%) participantes possuíam provável diagnóstico de transtorno de estresse pós-traumático. A análise das questões específicas referentes à profissão não demonstrou significância para o desfecho mensurado pela AUDIT-C, já para os desfechos avaliados pelas DASS-21 têm-se como significativo: considerar não ter conhecimento suficiente para enfrentar a pandemia (p = 0.002; PCL-5) (p = 0.029; DASS-D) (p = 0.010; DASS-E) (p = 0.009; DASS-A), sentir-se sobrecarregado com o trabalho (todos os ps < 0.001), estar insatisfeito com a remuneração (p = 0.001; PCL-5) (p < 0.001; DASS-D) (p = 0.017; DASS-E) (p = 0.001; DASS-A), não ter um bom relacionamento com os colegas (p = 0.007; PCL-5) (p = 0.003; DASS-D) (p = 0.009; DASS-E) (p = 0.012; DASS-A) e não sentir-se realizado com a profissão (p < 0.001; PCL-5; DASS-D; DASS-E) (p = 0.002; DASS-A).

Conclusão

A sobrecarga advinda da pandemia, aliada às questões específicas da profissão, contribuem para o aumento de sintomatologias psíquicas nessa população. Tais dados podem ser usados no melhoramento do planejamento de estratégias de prevenção/intervenção para a manutenção da saúde mentaldos profissionais da área da saúde.

Palavras-chave

pandemia; profissionais da saúde; saúde mental