Dados do Trabalho

Título

A PANDEMIA E O RISCO DE DESENVOLVIMENTO DE TRANSTORNOS RELACIONADOS AO ESTRESSE PARA PROFISSIONAIS EM LINHA DE FRENTE

Introdução

A pandemia da COVID-19 apresentou impacto relevante sobre nossa sociedade, interferindo em diversos aspectos na saúde mental da população, sobretudo dos profissionais da saúde em atividade na linha de frente. As exigências sobre esses profissionais durante suas jornadas de trabalho foram ampliadas com cuidados e rotinas específicas para o momento, além dos temores de contaminação e difusão do vírus. Níveis elevados no escore do PSS parecem indicar maior risco de ocorrência de transtornos relacionados ao estresse.

Objetivo

Este estudo tem por objetivo avaliar o estresse percebido nos profissionais da linha de frente.

Método

Trata-se de estudo prospectivo com 123 profissionais da linha de frente de um hospital geral de município do Vale do Sinos (RS). Eram desfechos de interesse os escores nos instrumentos SRQ-20, OBI e PSS. Foram realizadas 3 entrevistas com cada participante entre as semanas epidemiológicas 24 e 42.

Resultados

Nas entrevistas de ingresso, o estresse percebido pelos profissionais da saúde se mostrou elevado em 41% dos participantes chegando a 80,9 % dos profissionais na segunda entrevista, que coincidiu com o primeiro grande pico de demandas na região e logo cai para 37,6 % na entrevista final (p<0,001). Na entrevista inicial, 60% apresentaram escore no OBI compatível com exaustão, dimensão de Burnout e não houve variação significativa neste indicador ao longo do estudo. Não se verificou qualquer associação estatisticamente significativa entre os desfechos e as variáveis independentes propostas no modelo teórico, sugerindo que os escores aferidos decorriam mais provavelmente da exposição à atividade em linha de frente na pandemia mesmo. Apenas 9,5% dos entrevistados informaram estar em atendimento psicoterápico. A análise confirma a impressão de que a pandemia tem potencial nocivo para a saúde mental dos profissionais na linha de frente do enfrentamento da COVID-19.

Conclusão

A exposição frequente e acumulada a estressores no trabalho e o esgotamento por parte dos profissionais da saúde podem influenciar tanto os resultados do paciente quanto a decisão do profissional em se manter ou não no emprego. Por isso é importante reconhecer os fatores que afetam o desenvolvimento do trabalho e o engajamento dos profissionais de saúde, para que se possa criar estratégias de prevenção, por exemplo, de transtornos relacionados ao estresse em períodos críticos como o da pandemia e fazer com que esses fatores venham a ter o mínimo impacto possível na qualidade do atendimento a pacientes.

Palavras-chave

COVID-19; ESTRESSE; PROFISSIONAIS DA LINHA DE FRENTE