Dados do Trabalho
Título
A RELAÇAO ENTRE FATORES DESENCADEANTES DA ESQUIZOFRENIA E SEUS SINTOMAS: UM ESTUDO EM PACIENTES DE UM MUNICIPIO DO EXTREMO SUL CATARINENSE
Introdução
A esquizofrenia é um dos transtornos mentais mais incapacitantes e de grande impacto econômico, classificada pela Organização Mundial da Saúde como uma das principais patologias que contribuem para o ônus global da doença. O diagnóstico de esquizofrenia requer a presença de “sintomas característicos” do transtorno (delírios, alucinações, fala ou comportamento desorganizado e/ou sintomas negativos) associados a disfunção social e/ou ocupacional por pelo menos seis meses na ausência de outro diagnóstico que melhor explicaria a apresentação.
Objetivo
O objetivo do presente estudo foi verificar se existe relação entre os fatores desencadeantes da esquizofrenia e a sintomatologia de pacientes esquizofrênicos atendidos em três Centros de Atenção Psicossocial de um município do Extremo Sul Catarinense.
Método
Foram avaliados 25 pacientes com esquizofrenia, nos quais foi aplicado um questionário para avaliar os fatores desencadeantes da esquizofrenia e a relação com manifestações avaliadas pela escala de sintomas positivos e negativos (PANSS).
Resultados
A duração do transtorno esquizofrênico e a capacidade de responder sobre possíveis fatores desencadeantes físicos, emocionais ou químicos mostrou-se reduzida quanto maior o tempo do transtorno, pacientes com média de evolução do transtorno com 35,60 anos não sabiam responder aos questionamentos enquanto pacientes com média de 20,40 anos de progressão do transtorno souberam responder (p=0,039), assim como não houve uma relação entre o uso de crack ou perdas de familiares com sintomas mistos (p=0,046) e pacientes que tiveram perdas familiares eram mais propensos a apresentar uma sintomatologia positiva no momento do diagnóstico (p=0,046).
Conclusão
Conclui-se que o tempo de evolução da esquizofrenia interfere na capacidade cognitiva do paciente esquizofrênico. Os resultados apurados nessa pesquisa confirmam a veracidade das informações contidas na bibliografia científica sobre as possíveis etiologias da esquizofrenia. Porém, o fato do uso de crack e das perdas familiares não estarem relacionados com o aparecimento de sintomas mistos, associado a um maior número de fatores desencadeantes para se estabelecer uma sintomatologia predominantemente positiva, mostra que o somatório dos efeitos sobre o cérebro de cada fator desencadeante resulta em uma sintomatologia mais grave. Talvez, a detecção e o tratamento precoce, assim como a retirada de substâncias de abuso ajudem a diminuir ou amenizar essa patologia.
Palavras-chave
Esquizofrenia, fatores de risco, PANSS
Área
Esquizofrenia/Psicoses
Autores
MARINA TONELLO , NATÁLIA VEADRIGO BOSCHETTI, RICHARD TRAJANO DA ROSA , PAULO ROBERTO LINO DA SILVA , BRIDA NUNES , GUSTAVO FEIER , ALEXANDRA IOPPI ZUGNO