Dados do Trabalho


Título

RESISTENCIA AOS ANTIEPILEPTICOS: UM ESTUDO DE COORTE

Introdução

Epilepsia resistente (ER) ocorre em 20 a 30% dos pacientes. O curso da epilepsia é dinâmico, com vários perfis de resposta ao tratamento. Assim, estudos de coorte sobre epilepsia são escassos na América Latina, porém essenciais.

Objetivo

Identificar os preditores clínicos associados com ER.

Método

Estudo de coorte, prospectivo, realizado em um centro terciário. 302 indivíduos com epilepsia estudados do período de 2008 a 2018. Questionários estruturados aplicados. Utilizou-se modelos hierárquicos lineares. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. TCLE foi assinado por todos os participantes.

Resultados

255 (84,4%) indivíduos com epilepsia não-resistente (ENR), 47 (15,6%) com ER. Etiologias: estrutural em 57 indivíduos ENR (22,3%) e em 33 (70,2%) ER. ENR e etiologia desconhecida em 49,4% (N=126), e no grupo ER, etiologia desconhecida em 8 (17%). Houve 6 (2,3%) com ENR e etiologia genética, e 2 (4,2%) com etiologia genética e ER. Etiologia infecciosa em 25,9% (N=66) do grupo ENR e em 8,5% do grupo ER (N=4). 226 (74,8%) tiveram remissão precoce. Desses, 79 (26,1%) permaneceram em remissão e 147 sujeitos (48,7%) recaíram. 29 (9,6%) tiveram remissão tardia. Desses, 23 (7,6%) tiveram remissão terminal e 6 (2%) apresentaram recaídas sem remissão.No total, 213 sujeitos (70,5%) tiveram remissão terminal. 42 sujeitos (13,9%) tiveram remissão em algum momento, mas não atingiram remissão terminal. 47 pacientes (15,6%) nunca tiveram remissão e foram classificados como resistentes. Construímos um modelo bivariado para os sujeitos com epilepsia resistente.Pacientes com história de atraso no desenvolvimento tiveram uma predisposição quase duas vezes maior para crises epilépticas (Odds: 1,857, IC 95%: 1,062 a 3,392). Epilepsia estrutural (Odds: 1,238, IC 95%: 1,051 a 1,355) mau desempenho escolar (Odds: 1,396, IC 95%: 1,116 a 2,477) e EEG inicial epileptiforme também foram associados com um maior número de crises (Odds: 1,113, IC 95%: 1,005 a 2,332).

Conclusão

A taxa de etiologia infecciosa (neurocisticercose) foi elevada, havendo necessidade de melhores condições de saneamento básico e educação para a prevenção de epilepsia em nossa região. Encontramos uma combinação única de fatores de risco preditores de resistência aos anti-epilépticos específica para a nossa população que pode auxiliar na identificação de pacientes predispostos à resistência aos antiepilépticos, contribuindo para o manejo clínico individualizado nesses casos.

Palavras-chave

EPILEPSIA, RESISTENTE, COORTE

Área

Outros Transtornos Neurológicos

Autores

ANA LETÍCIA FORNARI CAPRARA, JAMIR PITTON RISSARDO, JOSI AREND , ALINE KEGLER, EDUARDO TANURI PASCOTINI, LUIZ FERNANDO FREIRE ROYES, MICHELE RECHIA FIGHERA