Dados do Trabalho


Título

PROCESSOS NEURODEGENERATIVOS NO TRANSTORNO BIPOLAR

Introdução

O déficit cognitivo tem apresentado um papel importante na caracterização clínica e fisiopatológica do Transtorno Bipolar (TB). Os pacientes com TB, na visão de Emil Kraepelin no século XIX, estavam livres de sintomas cognitivos, com intervalos eutímicos entre episódios de humor. Embora a grande maioria dos pacientes estabilize o quadro clínico no intervalo de dois anos, uma minoria se mantém funcional no mesmo período. As funções executivas, atenção, aprendizado e memória verbais aparentam ser os domínios mais afetados, além da impulsividade. Porém a inteligência pré-mórbida parece preservada.

Objetivo

Avaliar se os déficits cognitivos relatados podem ser atribuídos ao próprio transtorno e se estariam mais pronunciados naqueles com doenças mais graves ou crônicas. Reforçar a possibilidade de déficits neuropsicológicos persistentes estarem relacionados com os caminhos prognósticos dos pacientes e com seu potencial como marcadores da doença.

Método

Realizou-se um levantamento de artigos publicados na plataforma do Pubmed nos últimos 10 anos. Foram selecionados 31 artigos, que atendiam aos critérios de inclusão para realizar a presente revisão.

Resultados

Pacientes com TB mostraram prejuízos na velocidade psicomotora, atenção, aprendizagem e memória, funcionamento executivo e no QI. Durante os períodos de eutimia, alguns estudos mostraram disfunção cognitiva, que pode ser um fator importante para um pior resultado psicossocial. Há uma associação importante, em muitos estudos transversais, entre o número de episódios afetivos e o impacto neurodegenerativo, principalmente com a recorrência de episódios maníacos. Essa hipótese deriva da evidência de que as alterações atróficas do vermis nos pacientes com TB parecem ser progressivas durante o curso da doença. Os pacientes com único episódio de mania apresentaram déficits neurocognitivos menores em comparação com pacientes com episódios múltiplos.

Conclusão

Não só os déficits cognitivos, mas o transtorno bipolar em si gera um impacto importante na vida dos pacientes. O prejuízo neurocognitivo leva a limitações das atividades de vida diária, do planejamento cotidiano e do comportamento. A possibilidade de déficits neuropsicológicos persistentes é de grande importância, tanto pelos caminhos prognósticos dos pacientes como pelo seu potencial como marcador da doença. Assim, a relação entre os déficits neurocognitivos e a progressão do TB parece ser cada vez mais elucidada.

Palavras-chave

Transtorno Bipolar; Neurodegeneração; Déficit Cognitivo

Área

Transtornos do Humor

Autores

RICARDO VIEIRA NASSER, RAFAEL FURLAN SILVA FABRI, DÉCIO GILBERTO NATRIELLI FILHO