L Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia 2023

Dados do Trabalho


Título

PNEUMONITE DE HIPERSENSIBILIDADE COMPLICANDO A ASMA: UMA ASSOCIAÇÃO INCOMUM E GRAVE

Resumo

Em pacientes com asma grave refratária ao tratamento otimizado, deve-se pensar em diagnósticos diferenciais e comorbidades, como a pneumonite por hipersensibilidade (PH).
FFS, 44 anos, asma na infância em remissão até a idade adulta, com testes cutâneos negativos e eosinofilia. Atuava em limpeza. Foi tabagista passiva por 30 anos, reside em ambiente com pouca ventilação, nega contato com pássaros e comorbidades. Evoluiu com piora progressiva e com parâmetros de função pulmonar variáveis, apesar da terapia otimizada. No último ano necessitou de corticoide oral contínuo, afastamento do trabalho e mudança de função, porém mantendo contato com produtos de limpeza. Nos últimos 6 meses apresentou piora progressiva da asma, com perda ponderal. Foi internada com dispneia, dessaturação e febre. TC de tórax mostrava infiltrado intersticial em lobos inferiores, espessamento brônquico e subpleural e bronquiectasias de lobos superiores, espirometria com DVO moderado e PBD +, ecocardiograma normal, IgE total normal, IgE específica para Aspergillus, BAAR, pesquisa de fungos, FAN, FR e ANCA negativos. Biópsia pulmonar: infiltrado linfoplasmocitário, granulomas frouxos, distorção arquitetural, acentuada bronquiolização e focos fibroblásticos, com diagnóstico de PH. Recebeu alta em corticoterapia oral e inalatória, mantendo dispneia moderada.
Na asma não alérgica, geralmente os sintomas iniciam tardiamente e a doença tende a ser mais grave com queda mais precoce da função pulmonar. O descontrole da doença, apesar da terapia otimizada, adesão e técnica adequadas, apontaram para a questão ocupacional, além da exposição crônica a ambiente pouco ventilado e com alta carga inalada de fungos. O histopatológico sugeriu fortemente diagnóstico de PH sobre a asma preexistente.
O diagnóstico de PH exige alto grau de suspeição em pacientes com sintomas compatíveis e história de exposição, e deve ser considerado quando há mudança de padrão e piora continuamente, apesar do tratamento.

Área

Asma e lactente sibilante

Autores

Daniele Azevedo Lemos Brito, Eduardo Costa, Thiago Prudente Bartholo, Lika Nishimori, Tatiana Gerra de Andrade, Gabrielle Chataque, Denise Pedrazzi, Maria Inês Perelló, Fábio Kuschnir, Anna Carolina Nogueira Arraes