Dados do Trabalho

Título

Alergia a betalactâmicos em população pediátrica: Como os pais reagem à perda do rótulo?

Resumo

Introdução: Dados da literatura internacional mostram que 10% da população relata alergia a antibióticos betalactâmicos (BL). Mais de 90% têm o diagnostico descartado após avaliação especializada. A Alergia a penicilina é superdiagnosticada, frequentemente os pacientes são rotulados desde a infância. Mesmo após acesso à avaliação especializada do alergista, muitos pacientes comprovadamente não alérgicos continuam a não usar BL. Neste estudo buscamos caracterizar a reação dos familiares após perda do rótulo. Metodologia: Trata-se de estudo longitudinal retrospectivo realizado com dados obtidos de prontuário eletrônico e aplicação de questionário, avaliando o uso do antibiótico após liberação, em famílias de pacientes atendidos no ambulatório de reações adversas a medicamentos de hospital terciário pediátrico. Resultados: No período de 2014 a 2022 foram avaliadas 104 reações a BL, desses, 94 liberados após avaliação especializada; 73 famílias foram contatadas com sucesso. O BL mais envolvido foi a amoxicilina, responsável por 79,4% (58) das reações, seguido pela penicilina 10,9% (8), cefalexina 9,5% (7) e ampicilina 1,3% (1), 45% (33) dos pacientes reutilizaram o antibiótico. Destes 72,7% (24) se sentiram confortáveis com o uso e 27% (9) sentiram-se pouco confortáveis. 55%(41) não foi reexposto a medicação, sendo que 22% (9) não fizeram uso por medo e 78% (32) não tiveram indicação. Conclusões: O médico alergista tem papel fundamental nas reações de hipersensibilidade à antibióticos BL, considerados primeira linha de tratamento de várias infecções na clínica pediátrica. Como relatado na literatura, em nossa população estudada, 90% das reações foram descartadas após adequada avaliação, sendo que os familiares ainda tiveram receio do uso da medicação em 27%, o que dificulta a retirada do rótulo de "alérgico a penicilina", levando ao uso de antibióticos mais dispendiosos e que propiciem a resistência bacteriana.