Dados do Trabalho

Título

Fatores relacionados à persistência da alergia às proteínas do leite de vaca

Resumo

Introdução:
As alergias alimentares afetam entre 6% e 8% da população pediátrica. A alergia às proteínas do leite de vaca (APLV) é uma das mais comuns da infância e desparece geralmente ainda durante esta fase. Os fatores responsáveis pela persistência da APLV após os 6 anos ainda não estão totalmente esclarecidos e ajudam a identificar populações com possível indicação de
imunoterapia oral. Este estudo busca analisar os aspectos clínicos que distinguem APLV transitória da persistente.

Métodos: Estudo transversal baseado na análise de prontuários eletrônicos de pacientes (0 a 17 anos) submetidos a teste de provocação oral (TPO) para a proteínas do leite de vaca, com intuito de checar aquisição de tolerância naqueles com diagnóstico prévio de alergia, em um centro de referência entre 01/ 2016 e 02/2023. Comparou os menores de 6 anos com TPO negativo (alergia transitória) vs. maior ou igual 6 anos com TPO positivo (alergia persistente).

Resultados: Do total de 187 TPOs, 99/134 apresentaram TPO negativo antes dos 6 anos (alergia transitória) e 19/53 apresentaram TPO+ com 6 anos ou mais (alergia persistente). Não houve diferença estatística entre os grupos para características como sexo (p=0,08), presença de outras alergias (p=0,29), ter dermatite atópica (p=1), asma (p=0,07) ou outra alergia alimentar (p=1) e o mecanismo ser mediado por IgE ou não (p=0,60). Ter antecedente de anafilaxia foi capaz de distinguir as populações (p=0,04). Resultados de testes alérgicos não foram analisados pois apresentavam heterogeneidade quanto ao método.

Conclusões:
Prever por parâmetros clínicos, a persistência da APLV é tarefa difícil, mas o antecedente de anafilaxia pode ajudar. Validação prospectiva da anafilaxia como fator preditor se faz necessária. Certamente outros parâmetros como tolerância a formas processadas e resultados de testes alérgicos são interessantes de serem avaliados.