Dados do Trabalho

Título

Inibidor de bomba de prótons atuando como cofator de reações alérgicas em paciente submetido a dessensibilização ao leite de vaca- Relato de caso

Resumo

Introdução: A esofagite eosinofílica é um efeito colateral da dessensibilização alimentar, cujo mecanismo não é totalmente esclarecido. Durante a dessensibilização, cofatores podem reduzir o limiar de reação, sendo um deles o uso de inibidor de bomba de prótons, que é um dos tratamentos da esofagite eosinofílica.

Relato de caso: DLS, 9 anos, diagnóstico de APLV, com níveis de IgE para caseína acima de 100 e história prévia de anafilaxia. Foi proposta a dessensibilização ao leite de vaca, com realização de endoscopia digestiva alta antes de seu início, com resultado normal. Durante a fase de indução, relatou dor abdominal, vômitos e disfagia constantes. Realizada nova EDA com diagnóstico de esofagite eosinofílica. Iniciado tratamento com omeprazol em jejum, e a paciente passou a apresentar urticária na primeira dose de leite do dia. Feita tentativa de troca para budesonida deglutida com mel, porém paciente não tolerou. Retornou-se ao omeprazol, porém administrado em intervalo de 5 horas após a ingestão da última dose diária do leite. A paciente não apresentou mais urticária e segue em progressão do tratamento.

Discussão: Uma das drogas utilizadas no tratamento da esofagite eosinofílica é o inibidor de bomba de prótons, que leva ao aumento do ph gástrico, com redução da ação da pepsina, possibilitando a persistência da estabilidade da proteína alimentar, que tem sua absorção intestinal aumentada. Além disso, a redução da acidez gástrica leva à mudança na composição da microbiota intestinal, com disfunção da barreira, sendo favorável às reações alérgicas alimentares. A atuação do inibidor de bomba de prótons como cofator na reação alérgica IgE mediada foi relatada na literatura e deve sempre ser considerada quando ocorrer um curso não favorável como neste caso, no qual o espaçamento entre a ingestão do leite e do inibidor de bomba de prótons evitou a reação alérgica e permitiu a continuidade do tratamento.