Dados do Trabalho

Título

Registro Brasileiro de Anafilaxia (RBA) – Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI): tratamento de pacientes registrados, durante episódio agudo

Resumo

Introdução: A anafilaxia é uma reação de hipersensibilidade sistêmica grave, potencialmente fatal. O impacto da anafilaxia vem crescendo nos últimos anos, entretanto existem poucos dados sobre sua epidemiologia no Brasil. O objetivo deste trabalho foi avaliar os principais tratamentos de pacientes com história de reações anafiláticas, cujos dados foram inseridos no RBA-SBAI.
Métodos: O RBA-SBAI é um registro nacional de anafilaxia obtido através do preenchimento de um questionário online por seus médicos atendentes. Esse questionário contém dados demográficos, desencadeantes suspeitos, manifestações clínicas, atendimento prestado durante a reação anafilática, investigação diagnóstica e aconselhamento após a reação. A análise estatística foi realizada utilizando-se o Jamovi® (Versão 2.3).
Resultados: Foram avaliados dados de 237 pacientes, com a seguinte distribuição: 99 crianças/adolescentes (menores de 18 anos); 127 adultos (18-64 anos) e 11 idosos (65-77 anos). Em relação ao local do tratamento, a maioria foi tratada em serviços de urgência (162; 68,4%) e recebeu tratamento (225; 94,9%). A adrenalina foi utilizada em 61,1% dos pacientes sendo que 52,7% a receberam de profissional de saúde e 8,4% usaram o autoinjetor de adrenalina (AIA). Apenas 25 pacientes referiram portar o AIA. O uso de adrenalina na emergência foi maior em adultos (58,3%) do que em crianças (43,4%;p< 0,05). Anti-histamínicos foram utilizados por 87,3%, corticosteroides (83,1%), broncodilatador (27,4%), oxigenioterapia (29,5%) e reposição volêmica (30,8%). Dez pacientes foram entubados (9 adultos/1 idoso) sobretudo entre os que tinham história de episódio anterior mais grave (p=0,082) e oito foram reanimados (6 adultos/2 idosos), todos com história de episódio anterior mais grave (p=0,039).
Conclusão: O uso da adrenalina continua abaixo do ideal no Brasil, enquanto tratamentos de terceira linha, como anti-histamínicos e corticosteroides são utilizados pela maioria dos pacientes.