Dados do Trabalho

Título

Síndrome da Branca de Neve

Resumo

Introdução: A alergia a frutas e vegetais é a alergia alimentar mais comum entre crianças mais velhas e adultos, sendo as frutas da família Rosaceae (maçã, pêssego, damasco, ameixa, amêndoa) as mais frequentemente envolvidas nestas reações alérgicas. A alergia à maçã é muito estudada nos países da Europa, sobretudo devido à reatividade cruzada com o pólen de bétula, e publicações sobre o tema em nosso país são escassas.
Relato: Paciente I.M.S., 12 anos. Há 2 anos apresentou angioedema e urticária, 30 minutos após ter ingerido 1 maçã com casca. Durante o episódio negou sintomas relacionados à anafilaxia. Cerca de 4 dias antes do episódio, havia apresentado um quadro semelhante, porém menos intenso ao ingerir o mesmo tipo de maçã. Após o quadro descrito, a paciente apresentou eritema perioral, associado a prurido após ter ingerido ameixa, uva e pêssego. A paciente foi submetida a teste cutâneo, prick-to-prick, com frutas frescas relatadas na história como causadoras de manifestações de hipersensibilidade e látex. A paciente apresentou positividade para polpa de maçã verde, casca da maçã fuji, pêssego e látex.
Discussão: Até o momento, quatro alérgenos foram identificados em maçãs: Mal d1, Mal d2, Mal d3 e Mal d4. O Mal d1 é clinicamente o alérgeno mais importante no Norte da Europa, Mal d3 no Sul da Europa, enquanto que no Mediterrâneo predominam Mal d2 e Mal d4. O Mal d1 é homólogo estrutural do alérgeno principal do pólen de bétula, o Bet v1. O Mal d3 é cerca de duas a cinco vezes maior na casca da maçã do que na polpa. As demais frutas da família Rosaceae também apresentam alérgenos com epítopos comuns, razão pela qual há extensa reatividade cruzada imunológica interespécies, como as proteínas de transferência de lípidos da maçã e do pêssego, que apresentam uma homologia superior a 90%, e os dados encontrados são compatíveis com o que encontramos no teste cutâneo da paciente.