Dados do Trabalho

Título

Alergia ao sêmen: relato de caso clínico e investigação laboratorial

Resumo

Introdução: A alergia ao sêmen (AS) é uma causa rara de hipersensibilidade, mas provavelmente subdiagnosticada, havendo pouco mais de 100 casos descritos. Pode ser desencadeada por proteínas do plasma seminal ou por alérgenos nele eliminados. A AS está associada a um profundo impacto na qualidade de vida, nos relacionamentos e na reprodução. Relato de caso: Mulher de 56 anos com urticária generalizada, angioedema de pálpebras e lábios, menos de dez minutos após relação sexual, de início há sete anos. Apresentou um episódio de dispneia e mal estar, não procurou atendimento médico, mas iniciou o uso de preservativo, persistindo apenas urticária de contato com o sêmen. A paciente estava em um relacionamento monogâmico. Após descartados outros alérgenos na história clínica, a investigação com prick test com o sêmen do parceiro (1:10), resultou em pápula de 4.5 mm (histamina 6, salina 0). A paciente foi orientada a manter o uso de preservativos e plano de ação em caso de novas reações. No immunoblotting com o sêmen de seu parceiro e de um controle não relacionado foram detectadas bandas IgE-específicas que correspondem a alérgenos já descritos, 72-76 kDa (lactoferrina), 52 kDa (semenogelina) e 32-33 kDa (PSA). Importante, duas bandas foram detectadas em 37 kDa e 15 kDa exclusivamente no sêmen do parceiro e podem ser novos alérgenos ainda não identificados. Discussão: A AS, IgE mediada, se apresenta com sintomas vaginais locais (prurido, eritema, edema), manifestações sistêmicas e até anafilaxia. O diagnóstico é baseado na realização de testes in vivo e in vitro, e seu tratamento consiste no uso de preservativo. Em casos nos quais há interesse reprodutivo, a dessensibilização é uma modalidade terapêutica com bons resultados. Esta alergia predomina em mulheres abaixo dos 40 anos, mas esse caso mostra que pode se iniciar mais tardiamente mesmo durante relação monogâmica longa. Além disso, proteínas específicas presentes no sêmen do parceiro podem estar envolvidas na reação.