Dados do Trabalho
Título
Descrição de um caso de variante patogênica de RAG 2 em pacioente adulto
Resumo
Introdução: Os genes RAG1 e RAG2 iniciam os processos que levam à formação de receptores de linfócitos através da recombinação VDJ. Mutações nesses genes estão associadas à imunodeficiência combinada grave (SCID), sendo que fenótipos clínicos menos graves estão sendo descritos mesmo em adultos.
Objetivo: descrever uma paciente adulta com quadro clínico compatível com uma imunodeficiência combinada celular e humoral com manifestações de infecções bacterianas, oportunistas, autoimunidade e neoplasias.
Descrição: 54 anos, encaminhada para avaliação imunológica em 2016, aos 48 anos. Histórico: Pneumonias e sinusites e varicela grave na infância; vitiligo e tireoidite autoimune e diagnóstico de DIgA na adolescência. Em 2009: adenoCa papilífero de tireoide e linfoma não-Hodgkin (LNH) de grandes células B. Após quimioterapia incluindo rituximabe: pneumonias e sinusites, aspergilose pulmonar, herpes labial e herpes zoster, tuberculose, colite neutropênica e bronquiectasias (pós-pneumonia por pseudomonas). Dados laboratoriais: (2016): IgG 1522, IgA e IgM < 5 (mg/dL). Ausência de resposta à vacina anti-pneumo 23. Linfócitos 1.740 cel/mm3. Em 2021: Candidíase oral e esofágica. IFT (cel/mm3): TCD3 1592, TCD4 468, TCD8 952, CD4/CD8 0,5, CD19 indetectável, NK 58. Monoclonalidade de TCR positiva. Perda ponderal de 9 kg. Em 2023: adenoCa de esôfago. Paralisia facial: herpes? Recidiva de candidíase esofágica e aspergilose pulmonar. CMV ocular. Em 2023: IFT (cel/mm3): TCD3 4502, TCD4 1598, TCD8 2909, CD4/CD8 0,55, CD19 indetectável, NK 1021. Monoclonalidade de TCR positiva. IgG 1446, IgA 0,2, IgM <5 (mg/dL). Nega consanguinidade; 13 irmãos com 4 óbitos de recém-nascidos. Hipótese diagnóstica: Imunodeficiência combinada de células T e B. GENOMA: variante patogênica de RAG2 no exon 2: c.104G>C p.(Gly35Ala) Homozigose. Associada a SCID, síndrome de Omenn, ausência de células B, imunodeficiência celular e humoral combinadas com granulomas.
Discussão: O grau de função da recombinase residual em algumas mutações dos genes RAG pode permitir alguma formação de receptores de linfócitos, o que confere fenótipos menos graves, associados à autoimunidade. Não encontramos na literatura descrição de variantes de RAG 2 associadas a autoimunidade e neoplasia como observado neste caso.
Conclusão: A detecção precoce de variantes patogênicas dos genes RAG1 e RAG2 em adultos é fundamental para a conduta terapêutica, fundamentada principalmente na profilaxia das infecções e transplante de medula óssea.
Área
Imunodeficiências
Autores
MYRTHES ANNA MARAGNA TOLEDO BARROS, Ana Karolina Barreto, Leonardo Oliveira Mendonça, Fabiana Lima, Octavio Grecco, Mateus Melo de Oliveira Costa, Cristina Maria Kokron, Jorge Myrthes Kalil