Dados do Trabalho

Título

MOLUSCO CONTAGIOSO E INFECÇÃO BACTERIANA SECUNDÁRIA EM PACIENTE COM DERMATITE ATÓPICA GRAVE NO PRIMEIRO MÊS DE TRATAMENTO COM UPADACITINIBE: RELATO DE CASO

Resumo

Introdução: O Upadacitinibe é um inibidor seletivo da Janus quinase 1 (JAK1) e suprime a sinalização de citocinas pró-inflamatórias. Embora seja conhecido a ocorrência de herpes zoster durante o tratamento com inibidor de JAK, há poucos relatos da sua associação com molusco contagioso (MC). Relato de caso: Paciente de 12 anos, sexo masculino, tem diagnóstico de dermatite atópica (DA) desde o 5º ano de vida. Apresenta também obesidade, hipertensão arterial sistêmica e rinite alérgica. Foi internado para tratamento de infecção bacteriana secundária à DA, com isolamento de Staphylococcus aureus resistente à oxacilina, além de infecção fúngica associada. Exames evidenciaram IgE >3.000 UI/ml e eosinófilos 1000/mm³. Foi realizado corticoterapia, hidratação cutânea, inibidor de calcineurina e anti-histamínicos sem melhora significativa do quadro. Paciente apresentava SCORAD 71, tendo alcançado SCORAD 85 anteriormente. Foi iniciado Upadacitinibe 15 mg/dia, e no 7º dia de uso houve o surgimento de MC disseminado, com lesões concentradas principalmente em tronco e membros superiores, que progrediu para infecção bacteriana secundária à coçadura. Realizada antibioticoterapia oral, e mantido o uso do Upadacitinibe sem redução da dose, com melhora importante do MC e da infecção secundária após 10 dias. Houve melhora significativa do prurido e das lesões de DA, apresentando SCORAD 42 após 20 dias de uso do Upadacitinibe. Discussão: O MC é uma infecção de pele causada por um poxvírus, e ocorre com maior frequência em crianças e em pacientes atópicos e imunossuprimidos. Alguns casos de MC foram descritos em pacientes em uso de inibidores de JAK1/JAK2, podendo estar relacionado à inibição da função imune mediada por interferon, que confere proteção antiviral. Nesses casos, foram realizadas a redução da dose ou suspensão da medicação. Porém, no caso descrito, optou-se por manter o uso do Upadacitinibe e iniciar o tratamento da infecção bacteriana secundária, obtendo uma boa resposta.