XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Gastroparesia secundária a lesão de nervo vago pós pneumectomia com melhora após terapia nutricional

Apresentação do Caso

Mulher de 52 anos, com história de pneumectomia direita por sequela de tuberculose pulmonar, evoluiu com vômitos pós-alimentares, mais de 10 episódios ao dia, cerca de 1 mês após o procedimento, sendo investigada para gastroparesia secundária a lesão de nervo vago. Cintilografia de esvaziamento gástrico evidenciou retenção gástrica de 100%, com retardo do esvaziamento para alimentos sólidos. Endoscopia Digestiva Alta (EDA) sem alterações significativas. Iniciado tratamento farmacológico, sem resposta satisfatória, com perda ponderal de aproximadamente 50% do seu peso corporal em 6 meses. Optado por passagem de sonda nasoenteral, sem melhora clínica. Devido a desnutrição e refratariedade do quadro, foi indicada nutrição parenteral para otimizar o estado nutricional antes da avaliação cirúrgica. Concomitante ao ganho ponderal de 15%, houve melhora progressiva das queixas, com aceitação de dieta líquida e sólida por via oral, além de exame contrastado evidenciando retardo discreto no esvaziamento gástrico. Foi alcançada a meta calórica diária sem a necessidade de terapia nutricional suplementar, com alta hospitalar assintomática e recuperação progressiva do peso corporal.

Discussão

Gastroparesia é uma desordem complexa e multifatorial da dismotilidade gástrica caracterizada por atraso no esvaziamento gástrico na ausência de obstrução mecânica. As causas incluem desde infecções virais a lesão de nervo vago pós-operatória, sendo esta a terceira causa mais comum. Além dos sintomas mais comuns, como saciedade precoce, náuseas e vômitos, os pacientes podem se apresentar desnutridos. O esvaziamento gástrico depende de uma interação entre musculatura e inervação intrínseca e extrínseca. A desnutrição grave, além de relacionar-se com perda de massa muscular, pode resultar em modificação e desaceleração das funções fisiológicas, incluindo o esvaziamento gástrico. Nessa paciente, a nutrição contribuiu para a refratariedade do quadro, visto que a paciente melhorou com a terapia nutricional.

Comentários finais

A maioria dos pacientes com gastroparesia responde ao tratamento conservador, com medidas comportamentais e farmacológicas. No entanto, aqueles refratários podem apresentar-se muito desnutridos, e essa condição pode contribuir para a persistência da dismotilidade gástrica. O médico deve estar atento ao caráter multifatorial da gastroparesia e valorizar o manejo nutricional desses pacientes antes de indicar medidas terapêuticas invasivas.

Palavras-Chave

Gastroparesia, lesão de nervo vago, desnutrição

Área

Gastroenterologia - Estômago/Duodeno

Autores

Amanda Carvalho Almeida de Medeiros, Davi Viana Ramos, Sabrina Rodrigues de Figueiredo, Maira Andrade Nacimbem Marzinotto, Ricardo Correa Barbuti